No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DILMA INCENTIVA CRIMES AMBIENTAIS

Ao aparecer em público usando um cocar de penas de aves da nossa fauna silvestre, em cerimônia recente, Dilma faz a apologia da criminalidade ambiental incorrendo em crime conforme nossa legislação. Com a palavra a Justiça para as devidas providências!

Ler também em “OS LIMITES DO POLITICAMENTE CORRETO”


A propósito, Lula é cúmplice de Dilma, conforme atesta a foto abaixo:




sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Epitáfio para Manuela


Ela era jovem
até bonitinha –
que me perdoem as feministas
de mentirinha.
Dizia revolucionária
socialista-evolucionista-progressista.
Estudante virou deputada federal
assento no Planalto Central
carreira pra prefeita municipal.

Um dia antigo camarada falou:
corrupção na latrina eleitoral
ela apenas sentenciou:
o público é apenas privada pessoal
o delator-detrator É um Zé-Ninguém.

Seus cabelos ficaram cor de acaju
toda jururu sebosa gordurosa
sumiu no plenário
apenas grande mar de olhos medrosos
bandeiras de cifrão.

Lá fora milhões de Zés-Ninguém
cafusos mulatos mamelucos
brancos negros índios:
devolvam nossos votos
o espetáculo acabou.

Na profunda cova do esquecimento
João Amazonas chorou.
Chora chora.

a Revolução acabou
soterrou - a corrupção triunfou.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Balada da Irmã Clotilde


Tinha no máximo dez anos. Lábios enferidados de cobreiro, cabelo raspado para combater piolhos. Profundas negras olheiras davam à criaturinha aparência de morta viva. O vereador José Alencar, voz mansa, ia explicando: “como o Senhor vê, a infeliz nem nome tem. Afinal, qualquer um que foi à Zona, pode ter uma filha, um estropício destes. No fundo ela é igual à mãe. Coisa ruim. Desde pequena te levando pro pecado da carne. Quando ajuntou com Dona Santinha devia ter se livrado da peste. Ela vai acabar contaminando as outras três filhas. Não se preocupe. O Padre Bento vai cuidar bem dela. O dinheirinho fica pra ajudar nas suas despesas.”
Assim o corpinho magricelo, cara assustada, montou na garupa do padre. Dona Santinha deu um conselho de despedida: “olha, desgraçada, vê lá o que vai arrumar. O Padre é um homem Santo.” Seu Ediomar, calado, apenas tomou mais um gole de cachaça, apertando o copo que espatifou cortando a mão.
A cafetina arrependida, mais pela idade e medo da morte do que pela fé, dava instruções: “higiene é importante. Muito respeito também. Pergunte sempre, com a cabeça baixa, olhando pro chão: o Senhor ainda vai me usar ou já posso me lavar pra ir dormir?”
Nestes assuntos o Torto sempre interfere causando confusão: “se não parar a hemorragia, vai lá pra lápide debaixo do altar. Esquece esta história, que vou te mandar pro Convento e procurar um menino, que assim não arrumo mais complicações”, concluiu Padre Bento.
Da menina sem nome nasceu Irmã Clotilde. Nas cinco décadas atrás das grades, a rezar, só recebeu uma única visita – de uma das irmãs: “as duas menores estão em boa situação. São mulheres de viração. Não têm que dar dinheiro pra homem. Pra mim, Doutor Alencar montou casa”.

Um belo dia a Madre Superiora anunciou: “o Convento vai fechar. É a Teologia da Libertação. Nada mais de rezação. Agora vamos trabalhar nos fundões do Brasil, conscientizando o povo. Afinal, se a Fé é uma adesão racional a um dogma, como pode uma pessoa ignorante, passando fome e doente, fazer esta opção?”

Irmã Clotilde partiu para o Pará. No ônibus que atravessava estradas poeirentas, pensava na vida vazia.
Com força de pensamento e Fé, veio a Iluminação: fecharia o prostíbulo, fundando uma colônia agrícola. Traria alegria às mulheres sem infância.
Beatas protestavam. Lugar de mulher da vida é na Zona. Veio a polícia.
Irmã Clotilde morta.
Arrependidas, com medo do fogo dos infernos, as beatas fizeram uma petição: Irmã Clotilde seria a Santa Clotilde.

No alto do Sumaré, Frei Leontino, teólogo de plantão, aborrecido com a petulância, cuspia e polia compulsivamente o anel que parecia cada vez mais fosco. O brilho desaparecera há muito. Pensava no parecer: “nestes tempos políticos, eleitorais, devemos ser pragmáticos. Ecumenismo é isto. Com o apoio de todos, até da direitona braba, assegurar o poder, para um dia fazermos reformas. O que não posso é desagradar a base política.” Com estes parâmetros ético-filosóficos, Frei Leontino, iluminado, concluiu: “Prostituta não pode ser Santa!”
Consciência tranquila, rezou umas avemarias, uns tantos padrenossos, voltando à escrevinhação de seu ensaio Ética na Política e na Vida.

Conto publicado no livro "Cidades de Memórias".