No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Última Gota

O Meritíssimo Doutor Desembargador Ademar Santos não conseguia pegar no sono. Tantos títulos e importâncias, membro de uma espécie de realeza dos nossos tempos, trocaria tudo pela tranquilidade de um descanso profundo. A cerimônia da tarde fora arrasadora. Humilhação total. Tantos discursos e homenagens para consagrarem uma farsa: para consagrarem o“pato” escolhido. O “otário”, o“esparra”, como dizíamos quando garotos. Pelo menos poderíamos ter saído logo depois do palavrório. Mas Glorinha queria aproveitar ao máximo. Uma taça de champanhe atrás da outra. Como se fosse a última gota. La Dernière Goutte. Ah, que saudades daquele restaurante em Lyon, dos tempos em que era feliz. Jogava meu vôlei na praia, dava uma passadinha no escritório de advocacia só para assinar papéis, uns telefonemas e o dinheiro caía diretamente na conta. Ainda havia tempo para dar um trato na coleção de armas e ir ao estande de tiro. Mas tudo tem suas vantagens. Não teria mais que aturar aquele contínuo me chamando de “Meretríssimo” ou Doutor Santo. A culpa era minha. Tive de nomeá-lo para meu gabinete e em troca o Santoro nomeou Patricinha, minha filha, para nem aparecer por lá, ficar escrevendo aquela tese ridícula e frequentar academias de ginástica às custas da Previdência Judiciária. Cada vez que eu pedia restituição dos gastos da Patricinha, tudo assinado, como seções de fisioterapia da Glorinha, sentia uma pontada de vergonha. No fundo, éramos todos uns espertalhões que disfarçavam falcatruas. Ladrões togados, como chamaria a imprensa popular!

Tudo sob o respaldo da lei. A Previdência Judiciária recolhe cinco por cento de cada papel registrado nos cartórios. Por outro lado, a Previdência Advocatícia recolhe o mesmo para cada taxa judiciária. O equivalente seria um policial recolher dinheiro para o plano de saúde privado dos lixeiros e, em troca, estes abastecerem a caixa de sua previdência, também privada. Diante da Justiça todos se calam. No fundo não somos respeitados. Somos temidos. Quem alegará inconstitucionalidade nessas operações casadas?

Agora, a novidade. Depois da lei que presenteia as filhas solteiras com o direito de receber pensão vitalícia dos pais, Desembargadores, Patricinha tratou de divorciar-se e vive aboletada aqui em casa. Ela e Glorinha planejaram suas vidas após minha morte. A pensão inicialmente ficaria com a mãe e depois passaria integralmente para a filha. Uma beleza de amor filial: abrir mão da metade do dinheiro enquanto Glorinha for viva. O gosto de cianureto amargou minha boca.

Cansado de rolar pela cama, levantou-se, foi à cozinha, tomou um copo de água e sentou-se na varanda. A observação do ir e vir das ondas do mar parecia lavar a podridão dos pensamentos.

Silhueta solitária cortou o cenário, andando pela calçada. Anônimo popular? Inocente? Acusador? Vítima? O passado e a imagem do pai acudiram-no das angústias: “não tem sentido qualquer um, só porque estudou com afinco, ir dominando as instituições da República através destes concursos públicos. E a representação de classes? Onde fica a tradição? Afinal, o aperfeiçoamento vem com o exercício profissional, com a firmeza de uma educação esmerada e sólidos princípios morais.” Assim, numa tarde de sábado, a banca do concurso público tomava uísque lá em casa com meu pai, enquanto eu copiava as respostas da prova nas folhas de papel almaço rubricadas.

No começo dava medo. Depois, pura rotina. Quando a questão envolvia gente importante, era só reproduzir as últimas linhas dos memoriais que os advogados enviavam e lá estavam as sentenças com citações em Latim, Italiano e até em Alemão. Era apenas decidir entre a melhor oferta. Para a gentinha sem valor, chutava qualquer coisa: anexar não sei o quê aos autos, solicito informações e por aí vai.

Os juízes corruptos, personagens de Graça Aranha em Canaã, tinham razão: Na miséria anda a Justiça.

Acabei corregedor da justiça e seria o próximo presidente desta corte. Mas começaram os falatórios: “O Conselho Superior vai considerar a candidatura uma afronta. Já tem quase uma dúzia de colegas sendo investigados. Tem envolvido com milícias, outros com vendas de sentença. O negócio está feio. E pra entornar o caldo, este processo no Tribunal Superior contra seis juízes que copiaram o gabarito do concurso público. Está certo, só um é seu filho. Mas os outros cinco colegas alegam que foi você, na condição de corregedor, quem deu uma prensa na banca e pegou o gabarito. Se os filhos de vocês são tão ineptos e analfabetos que copiaram tudo igualzinho não é culpa nossa. Assim é demais. O que falam por aí é arrasador. Ora, ora, seis provas iguais, ipsis literis”.

“Para piorar a situação, aquela mulher andou dando entrevista na imprensa, lembrando que há trinta anos você participou da banca de um concurso para titular de cartório. A prova era de múltipla escolha e mesmo assim cinco respostas do gabarito estavam erradas o que anularia a classificação dos sete primeiros colocados. Justamente os... deixa pra lá. Foi difícil segurar a situação alegando a soberania das decisões da banca e escutar os desaforos desta mulher que seria a primeira colocada: – um antro de corruptos e ainda por cima incompetentes. Já pensou se mandássemos dar um sumiço nela? Apareceria até a ONU por aqui.”

A cabeça fervilhava. As mãos tremiam. Sessenta e cinco anos, obrigado a aposentar-se por motivos de saúde. O pior era a fúria da Glorinha, preocupada com o futuro dos chás semanais neste belo escritório deixado pelo sogro. As lombadas gravadas a ouro davam vida e nobreza à dinastia iniciada pelo pai do sogro e agora continuada pelo filho Paulinho, que teria – depois de tudo resolvido, assim queira Deus, como dizia Dona Glorinha – um retrato na galeria dos membros daquela Egrégia Corte de Justiça.

“Tanto hoje como no passado,qualquer deslize no serviço público tem como resposta uma comissão de inquérito encarregada de uma “rigorosae isenta apuração”. A participação nesta comissão era a glória para aquele barnabé que assim justificava a sua ausência no trabalho. O presidenteda comissão tinhao privilégio de requisitar uma sala para reunir-se com os outros dois membros e uma datilógrafa que, com grande espírito público, acumulava as funções de Secretária da Comissão. Para garantir rigorosa apuração, com as sindicâncias necessárias, todos ficavam dispensados de freqüência ao trabalho e, após trinta dias, se ainda não tivessem um relatório conclusivo, pediam uma prorrogação que ia completando sessenta, noventa dias, e assim indefinidamentemais ou menos como nos pedidos de vista e engavetamentos dos processos no Tribunal Superior. Em algumas repartições, como nos Correios e Telégrafos, o “rigorera tanto que mais da metade dos funcionários ficava sumida, participando de inquéritos, não havendo salas disponíveis para todos. Com grandes sacrifícios reuniam-se em bares e praias.

Todo o palavrório era datilografado em papel ofício e as petições eram escritas de próprio punho em folhas de papel almaço pautado e terminavam invariavelmente com termos respeitosos como se digne conceder...

Ah... havia tambémos carimbos, que valiam se fossem rubricados.

Como aparecimento das canetas esferográficas, alguns burocratas recusavam assinaturas com esta novidade da escrita, alegando que os traços das assinaturas tinham a mesma largura, o que não acontecia com assinatura feita com uma caneta de pena. Neste caso, as diferentes inclinações da caneta resultavam em diferentes larguras nos traçados, que dificilmente podiam ser reproduzidos. Era um mundo de rigor e alta tecnologia!

Para todo este rigor havia as exceções, infelizmente muito comuns. Por exemplo, quando um Chefe de Serviço recebia um pedido encarecido dos escalões superiores para que fulano fosse poupado, já que se tratava de pessoa digna e cumpridora de suas obrigações não funcionais como familiares. Como proceder se as provas das falcatruas cometidas eram arrasadoras? O jeito era consultar o proprietário de um paletó que ficava dependurado eternamente naquela cadeira vazia –algumas lojas vendiam um terno que vinha com uma calça e dois paletós,um para ser usado e outro para ser deixado no trabalho, mostrando assim a assiduidade de seu representado.

Logoque o dono do paletó chegava, acabava a agonia do dirigente público. Doutor, neste caso a soluçãoé o carimbo torto”. E assim, ao ser carimbada uma das páginas do “processo”, o carimbo era girado de modoa ficar tudo borrado, o que levava à sua anulação porgravesfalhas de procedimento.

Naqueles casos em que tudo estava “regularmente”carimbado, como proceder? Doutor a solução é a Cerimôniado Cafezinho”. Desta forma, na solenidade de entregado relatório da comissão, servia-se um cafezinho que, por um descuido “involuntário” de alguém,era derramado sobrea papelada, borrando as assinaturas que não eram feitas com canetas esferográficas. Os envolvidos no inquérito acabavam elogiados e tudo terminava esquecido.

Hoje,como emuma refilmagem de antigas películas, o carimbo torto e as assinaturas borradas foram substituídos por senhas eletrônicas e certificações digitais fraudadas, e o funcionário do paletó empoeirado na cadeira, pelos modernos departamentos de TI – tecnologia da informação.

“Este reinadodo novo carimbotorto cibernético é governado pela velha mentira, mais forte do que qualquer tecnologia.”

Baboseiras da Tese de Mestrado da Patricinha. Puro mau gosto: “A Corrupção Através da História”.

Pensando bem, quem sabe um carimbo torto não teria salvo minha carreira?

Foi uma noite de insônia e sofrimento. Amanhã esquecerei tudo. Começarei vida nova. Voltarei ao vôlei, aos velhos amigos do Clube de Tiro. Vou até dar um trato nas duas novas aquisições: o Taurus Judge e a Glock.

Este revólver, fabricado pela empresa brasileira Forjas Taurus, recebeu o prêmio Handgun of the Year 2008, patrocinado pela National Rifleman Association, em Louisville, estado de Kentucky, nos Estados Unidos. A arma foi batizada com o nome de judge (juiz) devido ao grande número de juízes que portam este modelo da Taurus nas salas dos tribunais norte-americanos – por ser um revólver poderoso para tiros de defesa a curta distância.

Já a pistola Glock, vinda da Áustria, é a menina dos olhos de forças militares e comandos especiais. O meu exemplar, de 9 mm, é privativo da Polícia Federal e Forças Armadas, sendo adaptado para atirar até sob a água. É mortífera, mas muito segura com seu sistema “safe action” de três travas. Construída com um polímero especial e conhecida como “a pistola de plástico”, é um terror para a segurança de aeroportos.

A vergonha de ontem será, no amanhã, um ruidoso sucesso com a turma do tiro.

Amanhece. O renascer. Os primeiros raios de sol. O começar de novo. Apenas despertando nosso personagem, salvando-o de pavorosos sonhos. O estrondo da Glock livrou-o da consciência. Gritos desesperados de Dona Glorinha.

E aqui voltamos a Canaã: a tragédia acaba em justiça.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

DILMA: abatida pela corrupção

O fotógrafo Wilton de Sousa Junior está de parabéns pelo Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha, o que só valoriza o nosso fotojornalismo e suas concepções fotográficas artísticas e conceituais. No passado driblavam a censura. Hoje, contornando os mecanismos de coerção do chamado jornalismo-diário-oficial, subsidiado com verbas governamentais, que corrompe imprensa e instituições. A foto premiada é a antevisão do desmascaramento de uma farsa, com a “presidenta” abatida pelos fatos após apenas um ano. Tentou ser a “faxineira”, uma espécie de clone do seu aliado Collor – o ex-caçador de marajás –, mas não conseguiu enganar tanto: destaca-se cada vez mais como a defensora incondicional da corrupção, da incompetência, da criminalidade ambiental e até da censura.
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Os Chargistas Estão de Volta


A caricatura e a charge que sobreviveram à truculência da ditadura, não poupando Castelo Branco, Médice e outros, acabou sucumbindo diante do chapa-branquismo e do poder da corrupção nestes nove anos de Lula-Sarney-Dilma. . Felizmente a imprensa crítica e “impiedosa” com os execráveis está de volta! Parabéns aos chargistas que retratam os malfeitos neste País como ninguém. Parabéns pelas suas novas charges (ver abaixo).
























sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Burro Chacareiro

Não, Dotô! Nós ainda somos da antiga. Usamos borzeguim, bebemos cana, chapéu na cabeça, fumamos cigarro de paia. Rezá é na Igreja. No silêncio.
Hoje tá tudo mudado. Cultura do Povo. Mió, pro povo: Cultura Popular! Rezação diante da televisão enchendo a burra do Pastor, senão o Diabo pega. É assim mesmo. Não deu dinheiro? Vai se entender com o Torto.
Nêgo agora fuma é cigarro de papé ou coisa pior. Só bebe cerveja e sai por aí jogando as latinhas nos rios. Aquelas bermudas nas canelas, boné virado pra trás com cara de fraco das ideias. Roupas coloridas: calça abóbora, camisa roxa. Pega a moto e sai doidão por aí. De noite espia os pecados cantando: ... meu lugar é aqui, é estar com o Senhor. Os políticos é que ficam contentes respondendo: Aleluia, Aleluia... E lá vão nas Kombis, compradas com verba da Prefeitura para transporte escolar, pra rezar e votar nos Deputados, Senadô, até Governadô, prá não esquecer da Presidenta. Dizem que a culpa é do tal do pré-sal, que o Diabo adora lamber. Hoje tá tudo muderno. Tudo eletrônico. Outro dia veio um Pastor-Chefe, lá de São Paulo e falou: o negócio é só lembrar, vote Titica pior não fica! O outro falou: aqui é Rio, tem que falar vote no Pé Grandão. Não, vote no Pedro Álvares Cabral. Até que veio um Pastor mais estudado falando: chega de confusão. É só copiar os números. Depois da votação vou prender o Diabo. Podem até se divertir. Só não vale cobiçar a mulher do próximo, nem pecar contra a natureza!Disco avoador? Por aqui não tem não. Nem uma alminha penada. A luz elétrica acabou com tudo que é assombração. Dava medo, mas mal não fazia não. Só correrias e estórias pra contar.
Outro dia inté que fiquei animado. De noite escutei uns passos que paravam em frente da minha janela. Ladrão? Não. Era casa de pobre. Alguma assombração perdida querendo pouso. Abri a janela num repente e recebi foi um bafo fedorento na cara! Era o burro chacareiro (*).



Nota:(*) burro criado nos quintais das casas, que se comportam como animais domésticos, alguns até entrando nas residências para comer.


Crônica publicada no livro "Cidades de Memórias" a ser lançado em maio próximo.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Minha Casa, Minha Vida: Verso / Reverso

Eu não tinha nada
e perdi tudo
até a menor que era cabaço
virou bagaço.

Morava numa casa de placa.

A enxurrada lambeu
a placa cedeu
a criança morreu
o cachorro comeu.

Agora nós véve na Senzala
tudo amontoado
pros lado do forró da véia.

Inté o trem não passa há muito
passou ontem pela última vez.

O vereador, seu Licurgo sumiu
o prefeito, seu Sinho escafedeu.

A deputada, dona Salomé fedeu
a presidenta, dona Dilcineia esqueceu

o povo sofreu.

Minha Casa, Minha Vida: Reverso / Verso

Povinho safado
faladô enganadô
casa de placa milagre da
construção (vil).

Lucro no bolso
voto fácil
prestígio parlamentar
satisfação da Casa Civil.

Drenagem nós não faz
escoamento também não
fundação só fundamento
entulho socado
[no chão – molhado.

A presidenta quer azulejo
parede só alvenaria
[tijolo pro caboclo
quando tudo cai
tempo pra sair devagarinho
[de fininho
[bem mansinho
[tal cordeirinho.

Outubro tá chegando
vem comer na eleição
bolsa família-salário educação
apenas sessentinha voando
[até minha mão.

Povinho safado-faladô-enganadô
vem comer na minha mão
bolsa família-salário educação.

Emprego não tem não.

Malfeitos e Malfeitores

E a Famiglia da corrupção já ameaça estragar 2012 com sua podridão!

Supremo Tribunal Federal
Como faremos uma correição no Supremo? Seria através do Senado? Acredito que não! Apenas um amplo movimento de Resistência Civil poderá modificar esta situação secando as fontes de renda da corrupção.
A situação deste tribunal é preocupante para a Sociedade Brasileira, posto que seus membros são protegidos por princípios constitucionais como: vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos etc. Princípios que seriam uma garantia de julgamentos isentos e não a falta de critérios que impera nesta Corte. Infelizmente os critérios de escolha dos ministros deste tribunal passam ao largo do conhecimento jurídico ou dos critérios de independência e retidão. Na prática o que impera nas indicações é um preenchimento de cotas raciais, representação feminina, cotas da advocacia de empresas, amizades, fidelidade partidária, parentesco, ser “aprovado” em entrevista com a “presidenta” – como noticiou Veja, para o caso de um dos últimos ungidos – etc. Isto tem levado à decisões totalmente contraditórias aos princípios constitucionais ou ditames legais, com os magistrados mudando constantemente seus votos ao sabor de forças que só Deus sabe. Para completar, este festival de irresponsabilidades, temos agora o recesso jurídico de fim de ano, não estando as Supremas Consciências nem aí para a prescrição dos processos de mensaleiros e de toda a malta que saqueia o Brasil.

Censura
É muito importante manter a memória dos horrores da censura. Recentemente esta prática tem se manifestado em várias esferas governamentais: podemos começar com o Supremo Tribunal Federal, que deveria fazer justiça, mais prefere censurar pelas mãos de seu presidente, o douto Peluso, o nome dos magistrados envolvidos em falcatruas e crimes diversos e que continuam por aí julgando. Ah, o mais triste é a ministra dos direitos humanos, Maria do Rosário, cassando a palavra da filha de Rubens Paiva, massacrado pela ditadura. Dilma não poderia deixar de dar sua colaboração a esta odienta prática – segundo a revista Carta Capital (Ver “A Máfia Fardada”), a seu pedido, o procurador geral da República engavetou a denúncia de corrupção contra o general chefe do Exército e diversos outros generais envolvidos com os escândalos no ministério dos transportes. Mas, enquanto Peluso “rasga” documentos oficiais, de modo a apagar as pegadas da corrupção que foram prescritas pelo ineficiente e irresponsável Supremo, o procurador geral mostra eficiência em “estudar” um processo contra a digna Juíza Eliana Calmon.
Deixando de lado estas excrescências, lembro que uma boa fonte de leitura sobre a censura no Brasil é a antiga revista “Civilização Brasileira” (também censurada por diversas vezes), em particular o seu número 10, de sua segunda fase, de abril de 1979, onde é publicado na íntegra a “peça jurídica” “O Erotismo na Literatura: O caso Rubem Fonseca”. Felizmente o juiz encarregado de julgar o Escritor havia nomeado para seu perito judicial, Afrânio Coutinho, que arrasou qualquer argumento pela censura a uma obra literária.

A “presidenta”
Assim como ontem, Policarpo Quaresma se indignava com o Grande Marechal Floriano e suas mesquinharias que o levavam a tolerar a corrupção, hoje nos indignamos com um Presidente da República que transforma a administração pública numa extensão de suas propriedades, misturando interesses privados e partidários com o Estado Brasileiro. Ontem, a violência repressiva pura. Hoje, a sofisticação da violência da corrupção que destrói a ética e todos os princípios por que lutamos desde Lima Barreto.
É assustador o avanço da corrupção com uma unanimidade na defesa dos “malfeitos”, unindo desde Dilma a Sarney, passando pelo “vacilante” Peluso e o objetivo Marco Aurélio com seus “pecadilhos” que sistematicamente facilitam a impunidade. Com este blábláblá de que não existem provas (palavras de Sarney) ou o mais grave, as declarações da “presidenta” de que ninguém deve explicações de sua vida particular (mesmo envolvendo dinheiro público) nada é apurado. Pensar em uma comissão de apuração independente das tais de “rigorosas apurações” de Dilma, nem pensar. E assim a revista Forbes vai publicando que o Brasil é o país de geração espontânea de milionários. Se o procurador geral da república não fosse da “linha” Peluso e outros – por exemplo, a denúncia contra o comandante do Exército por suspeita de corrupção está engavetada – há muito já teria feito uma denúncia contra Dilma, no mínimo por crime de irresponsabilidade devido a sua “solidariedade” extremada com os suspeitos de corrupção. Afinal, devemos parar de tentar tampar o sol com uma peneira. A verdade é que vivemos em um regime econômico que chamo de “Capitalismo Reverso” – onde a livre concorrência e competência foram substituídas pela velha propina – e em um regime político que chamo de “Nova Direita Brasileira”, onde prevalece a mentira, a sede pelo poder, o lucro fácil. Uns fingindo de esquerdistas-progressistas-socialistas, outros com a verdadeira face da velha direita reacionária com o único objetivo de enriquecer predando o Brasil. Assim, corrupção, desmatamento, milícias criminosas e outras práticas ilícitas é que sustentam este regime. Dilma, Lula e Lupi são peças nesta engrenagem que une desde Sarney ao PCdoB.