No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O Carnaval Empacado ou da Mudança?

A velha Política, muito blábláblá, um Brasil que retrocede: Carnavais do passado...
Republico este artigo como lembrança de Fritz Utzeri, editor do Montbläat, falecido em 4 de fevereiro de 2013.


          Carnaval é uma festa que começa no primeiro domingo anterior à Quarta-feira de Cinzas e que teve origem na Grécia antiga.  Com o advento do Cristianismo, passou a ser uma festa comemorada em oposição ao rigor da Quaresma.  A palavra Carnaval, de origem latina, significa “festa da carne”, mas hoje em dia não vamos ser tão radicais assim e pensar apenas em muita alegria e divertimento.
          Felizmente o povo brasileiro tem uma infinita capacidade de superar dificuldades e, nos dias da folia, certamente esquecerá um pouco destas tragédias que andam por aí.
          Na nossa terrinha, em plena crise econômica, empreiteiros e políticos lucram como nunca graças a um pomposo Plano de Aceleração do Crescimento, o tal de PAC, que, a par dos rios de dinheiro que consome, continua empacado, enquanto Dilma Rousseff simplesmente esqueceu-se de mostrar competência – deixando de lado o “apagão” aéreo e a coordenação de treze ministérios para combater o desmatamento –, para assumir uma função que está mais para “primeira dama de Canapi”.  E Lula? Este sim vai ter um bom Carnaval, viajando bastante e ficando até com a voz alterada e olhos avermelhados de tanto discursar por aí, pregando a ignorância, a irresponsabilidade e a subserviência, só não falando nas tais de obras de infra-estrutura, como saneamento, estradas, educação e saúde pública.  Afinal de contas o divertido é perdoar desmatadores e devedores da Previdência Social.
          No plano internacional, a única medida prática e objetiva do “Change” e “Yes, we can” do Presidente Obama, será intensificar a guerra no Afeganistão, levando mais morte e sofrimento a um povo que quer apenas viver em paz criando as suas cabras em uma região das mais remotas do nosso planeta.  Será um Carnaval de terror e imolação de inocentes. 
          Como as cenas carnavalescas mostradas na televisão e nas revistas de fotografias se repetem ano após ano, nestes tempos de crise não vamos gastar dinheiro comprando novas revistas.  Simplesmente vamos tirar do baú exemplares de vinte ou trinta anos atrás, onde, abstraindo-nos um pouco dos penteados, o Carnaval parece que é sempre o mesmo.  Assim, vamos substituir o desânimo, para não falar em violência, dos atuais líderes mundiais, para retroceder aos anos sessenta, quando, mesmo com a Guerra Fria, todos dançavam alegremente e havia menos sangue, como mostra a charge abaixo.

Deixo como exercício a identificação de cada um dos líderes mundiais mostrados na charge e os seus motivos de alegria.  No caso, o Presidente da França, Charles De Gaulle, está dançando para não chorar, perdeu a Guerra da Lagosta, melhorando, na época, a auto-estima dos brasileiros, hoje tão maltratados na Espanha, Inglaterra, Suíça e até no Paraguai e Bolívia.
          Como Carnaval também é cultura, vamos lembrar antigas letras de músicas carnavalescas que parecem atuais como nunca.

Cachaça (1953)
(Marcha de Mirabeau Pinheiro,
L. de Castro e H. Lobato)

Você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão
Pode me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não
Pode me faltar o amor
Isso até eu acho graça
Só não quero que me falte
A gostosa da cachaça

A Fonte Secou (1954)
(Samba de Monsueto Menezes,
Tufy Lauar e Marcleo)

Eu não sou água
Prá me tratares assim
Só na hora da sede
É que procuras por mim
A fonte secou
Quero dizer
Que entre nós tudo acabou.
Teu egoísmo me libertou
Não deve mais me procurar
A fonte do meu amor secou
Mas os teus olhos
Nunca mais hão de secar

Mamãe eu Quero (1937)
(Marcha de Vicente Paiva e Jararaca)

Mamãe eu quero
Mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamá
Dá a chupeta
Dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorá
Dorme filhinho
Do meu coração
Pega a mamadeira
E vem entrá no cordão

UM FELIZ CARNAVAL!

Montbläat
Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2009
Teócrito Abritta